19/06/2013




O aniversário é Dia de São João mas a tia sempre é a primeira a lembrar.
 































No momento em que escrevia o texto abaixo, recebi cartão de aniversário da tia Neyde Pecchio. Mesmo distante no espaço geográfico, ela sempre se faz presente com suas mensagens amorosas e telefonemas. Nunca esqueceu datas comemorativas da tia Fá, do tio Zé, dos sobrinhos Lele, Lô e filhas.
Tia, querida, muito agradecida pelo seu amor por nós.
Também amamos a senhora, os primos Rico, Neno, filhos e temos na memória o saudoso tio Álvaro Dalla Pria.
Depois continuo a história. Escrever me distrai porque tiro o foco dos espasmos, da dor, das feridas e da imobilidade que assusta e faz chorar.

     – Aqui tem praia? – perguntei à tia Neyde, na primeira vez que visitei Quatá (SP).

     – Não. Mas tem muita diversão no quintal do vô Guido –, respondeu ela.

     Eu só conhecia Osasco (SP), onde moro desde os 9 meses de vida, e Peruíbe (SP), onde vi o mar pela primeira vez e me encantei tanto que pensava que para onde eu fosse haveria praia,areia,conchinhas do mar e ondas.

     Para conhecer o avô materno, tios, primos e toda a parentela, por parte de mãe e pai, viajamos no Expresso de Prata, trem que partiu da estação Júlio Prestes, com destino à Alta Sorocabana. A viagem demorou 24 horas. O trem parava em todas as estações e demorava muito o embarque e desembarque de passageiros.
     – Naquela época, anos 60, era intenso o transporte de passageiros em trens. Os de carga competiam com os de passageiros por isso as paradas eram demoradas e cansativas.
     Eu e meu irmão competíamos pela janela para ver as paisagens passarem velozes, como num filme. Pai e mãe iam respondendo nossas infindáveis perguntas.
     – Ali também é plantação de laranja? – perguntei eu.
     – Não, é de café. – respondeu o pai.
     – E agora?
     – É milho, igual o Visconde de Sabugosa – disse a mãe, lembrando o boneco feito de sabugo de milho, um sábio das aventuras do Sitio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato.
     As paisagens eram variadas, não imperava a monocultura da cana-de-açucar que, décadas depois, empobreceu o solo do Interior, sua gente e culturas. Os trilhos paralelos às plantações de cana que se perdem no horizonte estão enferrujados e as estações de trem abandonadas.
     O sol esquentava meus miolos e eu caminhava pelas calçadas limpas e arborizadas de Quatá olhando para minha sombra no chão. Passava das dez horas. Eu caminhava ao lado da sempre alegre e divertida tia Neyde, que foi buscar minha família na estação, pensando como eu me divertiria numa cidade sem praia...








 

 

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