25/04/2014

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Querer bem é dom para compartilhar

Consegui saber a direção de duas queridas Irmãs, que no final de 2003 abriram as portas do Instituto de Cegos Padre Chico (IPC) para que eu, no início letivo de 2004, levasse a 1ª edição de Um Par de Asas para Toby, em Braille, aos alunos e professores do IPC. Foi um encontro maravilhoso que fortaleceu meu ideal de escrever histórias que todas as crianças possam ler. O Braille é o método capaz de alfabetizar e conduzir o cego pelo caminho seguro do conhecimento.

Sem saber, por intuição e guiada por vontade imensa de colaborar, estava eu lançando o primeiro livro de coleção acessível para crianças de todas as idades, em tinta, Braille, audiolivro e, mais tarde, na Laramara, em tinta ampliada e Braille. Um trabalho independente, visando servir ao próximo no solo fértil da educação. Pagar os custos de cada livro lançado, em mídias diferentes, já era lucro bastante para eu ganhar fôlego e sair por aí com mochila nas costas semeando a alegria de distribuir conteúdo seguro, sempre em favor das boas práticas na relação do ser humano com o meio.

No final de 2009, quando se comemorou o bicentenário de Louis Braille, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, por indicação da pedagoga Vera Zednick, do Projeto Acesso, me convidou para uma palestra referente aos meus livros, únicos paradidáticos de edição independente em formatos acessíveis. Inseri conteúdo em texto, imagem e áudio do meu encontro com as crianças e professoras do IPC. Quando olhei para a última fileira do auditório lá estavam as queridas Irmãs Madalena e Apoline. Meus olhos marejaram e tive alegria por oferecer uma rosa branca para cada uma delas, de um ramalhete ganhado por mim.

A última vez que andei nesta vida foi para visitar as Irmãs, em janeiro de 2010, lá no IPC. Depois sofri um terrível acidente, fiquei muito tempo hospitalizada e somente neste mês, dois dias antes da Páscoa, tive notícias delas. Estão juntinhas e ficaram muito felizes com a mensagem enviada por mim. Diz Irmã Madalena, na resposta, que foi um presente de Páscoa saber notícias minhas e da mamãe. Após mais de sete décadas uma e mais de seis décadas a outra dedicadas totalmente ao ensino do deficiente visual, hoje residem numa Congregação que cuida de pessoas idosas.

Quem disse que nove décadas de vida é motivo para deixar de servir ao próximo? Lá elas ajudam a cuidar dos pacientes mais comprometidos, a fim de que possam viver tranquilos, em paz. Diz a Irmã que “desta forma intensificam suas vidas de oração, com mais tempo para agradecer a Deus e pedir a Ele pelos amigos”. De forma alegre a Irmã se despede aguardando pelo próximo encontro conosco porque ambas nos querem muito bem.

Fiquei tão feliz por ter notícias das Irmãs  que resolvi postar esse texto no blog. O querer bem é dom valioso e merece semeadura.
 
Imagens: Meu primeiro dia de aula com alunos do IPC. Menino lê Um par de Asas em Braille e, abaixo, professores e alunos de braços erguidos se despedem de mim.

 

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