30/08/2014

RELER UM LIVRO É REVER UM TESOURO

...a tristeza é necessária à vida; as dores alheias fazem lembrar as próprias, e são um corretivo da alegria, cujo excesso pode engendrar o orgulho. Helena (1876), de Machado de Assis (1839-1908), um dos tesouros das autobiografias do escritor, na eterna luta de classes entre a sociedade e o ser ambicioso, que se quer elevar.

nota: desejo reler meu livro favorito de Monteiro Lobato: Reinações de Narizinho, 1ª edição, editora Braziliense, subtraído da minha estante, sem minha autorização, quando fiquei hospitalizada. Se alguém encontrar, em algum sebo, por favor, devolva-me o meu primeiro e eterno tesouro.
Meu primeiro livro.

26/08/2014

A BEIJA-FLOR E O URSO NERVOSO


 
 
 



Imóvel na minha cama, sem poder tirar a assustada beija-flor de perto do urso nervoso, cujos urros se ouvia à distância, fechei os olhos e pedi sabedoria à beija-flor. “Fique longe de rugidos”, murmurei, em lágrimas. A família é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Mas o Criador sempre envia filhos de outras famílias em auxílio às demandas dos necessitados. Uma beija-flor sozinha não apaga o incêndio na floresta. Unidas, as beija-flores promovem verdadeiros milagres. Podem até curar urso ferido e transformá-lo num afável panda.

Quando amanheceu, o urso virou panda e filha de outra beija-flor socorreu a minha. Não posso andar e me encontro ferida na carne. Porém, não perdi a cognição, o afeto, a capacidade de organizar, pedir ajuda às pessoas certas e todos os dias me esforço para exercitar o difícil fundamento do amor.

23/08/2014

VISITA DE MARCOS MARTINS FOI SURPRESA E CORDIALIDADE

MarcosMartins, deputado estadual pelo PT-SP, me visitou na última sexta, 22. Fiquei emocionada com o telefonema da sua secretária, me avisando que em dez minutos ele estaria na minha casa. Seu escritório político fica a duas quadras, distância quase intransponível para mim porque mal consigo tocar a minha cadeira de rodas.

Foi uma visita cordial e muito bacana, nem de longe parecia um candidato à reeleição. Preocupou-se em saber como está a minha saúde, falamos sobre família, lembranças de Osasco de ontem, hoje e da importância de jamais retroceder nas conquistas em favor do bem estar da população, em especial nas áreas da Saúde e Meio Ambiente.

Lembrei-me de ter autografado meu primeiro livro para o seu filho, em 2003. Com alegria pude autografar o terceiro livro da coleção Toby e deixar em suas mãos edição em braile e tinta ampliada para que ele ofereça para algum leitor especial, em suas andanças na busca pela reeleição.

Leitura: uma conquista da humanidade que deveria ser para todos.
Marcos Martins e eu na sala da minha casa.
 
                    
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   Marcos Martins retratado por meu pai.
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

13/08/2014

Morte de Eduardo Campos é opção a menos de renovação na política brasileira

(SANTOS, SP) Estou impressionada com a notícia sobre a morte de Eduardo Campos, dada pelo meu médico, no início desta tarde. Estava indo muito bem na campanha, um forte candidato à presidência da República, com o DNA de Miguel Arraes no verbo FAZER para mudar. A coincidência da data da morte com a do avô, 13 de agosto, também me deixa impactada.

Por parte da avó Ninfa Accioly, faço parte da parentela do honrado Eduardo Henrique Accioly Campos. A mesma da juíza Patrícia Accioly, igualmente honrada no exercício da profissão. Morta na luta contra as drogas.

A família Accioly veio da Itália para o Brasil fixando moradia em Recife. Família imensa, parte dela ficou em Pernambuco e muitos da família mudaram para Alagoas, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo. Até onde conheço são esses os estados brasileiros onde tive contato com os Accioly. A grafia do sobrenome muda de acordo com o registro de nascimento em cartório, mas todos são da mesma parentela. Accioly, Acioly ou Acioli.

Fonte da imagem: UOL. Eduardo Campos e o avô Miguel Arraes
 

11/08/2014

Gota d'água


...Peguei-o em minhas mãos e o fiz repousar no jardim da igreja Santa Cecília, onde fui batizada. Dei-lhe uma gota d’água, ele suspirou, voltou os olhos para o céu e morreu.

ADEUS MINHOCÃO

Agora é lei e será demolido ou desativado o Minhocão, como é conhecida a extensão de 3,4 quilômetros do viaduto ou Elevado Presidente Costa e Silva, via expressa de interligação da zona oeste ao centro da Capital de São Paulo. O polêmico projeto, idealizado para desafogar o trânsito da avenida São João, engoliu áreas verdes e tornou a cidade mais cinza.

Nesses 44 anos, desde a sua abertura, o Minhocão não resolveu o problema do tráfego, até porque as indústrias automobilística e derivados do petróleo, como o asfalto, continuam fortalecidas pelos governos e o transporte de pessoas, em seus próprios veículos, é sonho de consumo.
O asfalto cobriu os trilhos dos bondes e ônibus elétricos que transportavam homens de terno e chapéu. Trago na memória passeios de bonde, na minha tenra infância. Tinha medo de cair porque eram abertos nas laterais. Lembro-me dos brilhos da cidade, à noite, das letras do extinto magazine Mappin (1913-1999), que aprendi a soletrar.

Também trago na memória uma tarde de primavera, há dez anos. Eu caminhava apressada na rua das Palmeiras, em direção à estação do Metrô. Não pude ficar impassível diante de um pombo que agonizava, envenenado, na calçada. Peguei-o em minhas mãos e o fiz repousar no jardim da igreja Santa Cecília, onde fui batizada. Dei-lhe uma gota d’água, ele suspirou, voltou os olhos para o céu e morreu.
Minha emotividade exacerbada sempre me causou sofrimento diante de criaturas oprimidas ou de cenas do cotidiano que eu não tenho o poder de melhorar porque não basta a minha sensibilidade.

Não creio que a demolição dessa engenhoca chamada Minhocão irá resolver o caos na cidade de São Paulo. É fácil envenenar pombos e aves que sempre retornarão ao seu habitat, mesmo encontrando concreto onde havia frondosos condomínios de árvores. Debaixo desses condomínios havia bebês como eu em seus carrinhos, levados pelas mães tranquilas, para o banho de sol nas primeiras horas da manhã.
Mães e seus bebês jamais estarão nesses espaços públicos desprovidos de segurança, limpeza e conservação. Quero ver o que farão com os eternos moradores de rua, que têm sob o Elevado o seu lar, e com os usuários dessa via expressa.  

Jamais a cidade de São Paulo conseguirá recompor o cenário das praças e parques públicos destruídos para receber toneladas de cimento, aço e asfalto. Até porque, a cidade não para de crescer e grandes problemas surgem, em igual proporção, para desafiar a cabeça dos responsáveis pelos cuidados de cada célula dessa cidade doente, em todos os aspectos. 
A gota d'água que faltava para o Minhocão
Imagem: UOL